Durante todos esses anos anos venho trabalhando e estudando a comunicação, marketing, publicidade e mais recentemente redes sociais. Apesar das mudanças nos paradigmas destas áreas terem se fragmentado, mas estarem seguindo por caminhos similares, prevejo alguns acidentes de percurso.
Voltando no tempo:
Na primeira Fenasoft em São Paulo, lá pelos idos de 1992 quando comprei meu PS2 IBM por U$ 3.000,00 cujo investimento custaram vários argumentos com meu gerente do banco, mas renderam uma “linda” máquina com tela VGA, operacional Windows 3.1 (que na época era pós-DOS) e navegador Netscape…. Logo fui instalando o Corel Draw 3, que fez grande sucesso ainda mais com a “parceria” do saudoso Adobe Page Maker…
Passados 20 anos eu estou num netbook de U$ 300,00 com navegador Chrome (bem mais rápido do que o Explorer) com Corel Draw 13 e Photoshop CS 3 (Adobe) instalados, numa arquitetura com processador Atom e quase duvidando que a “maquininha” possa processar meus trabalhos (já vou migrar para um Core I7) mas ela consegue, apesar da lentidão e do operacional windows professional…
A conclusão que chego depois disso: “Possuir” um equipamento para estar dentro de um ambiente virtual é como ir no shopping fazer compras… Quase todo mundo tem essas “facilidades”… Mas, o que tem haver em relação às duas décadas atrás? Pra mim, que prestei prova em 2010 para entrar no curso de Mestrado da UERJ em Comunicação&Informação, defendendo a pré-dissertação “Novas tecnologias e cultura” e pretendo continuar “consumindo” vários livros sobre cibercultura, os paradoxos das relações inter-pessoais vinte anos depois estão em crise!
Citando Sherry Turkle, autora do livro “Alone together”, que traduzindo, literalmente quer dizer “sózinhos juntos”, sugiro que realmente o poder da comunicação dado a todo universo online, está tendo um “eleito colateral”, que precisa ser melhor compreendido! Como assim?
Na pré-história eram só “grunidos” pois a linguagem não estava ainda formada e aos poucos foram surgindo as palavras, meias frases e finalmente parágrafos inteiros! Foi uma revolução para a raça humana, porém junto com as “expressões” vieram as “reações”, as conotações enfáticas tornaram-se “ameaçadoras” também, enfim numa “sopa” de culturas, cada povo expressa “suas raízes”.
Na Inquisição, palavras como “Diabo ou Demônio” já eram motivo de julgar e executar que as proferisse, como na segunda guerra, “Judeu” era motivo de extermínio e assim por diante. Então vieram os poetas, escritores, letristas e intelectuais que “domaram” as letras.
Também foram as letras que assumiram o lugar dos “bits” na era digital, como scripts e linguagens de programação C++ , PHP e Piton entre várias outras… Mas a comunicação propriamente dita foi ficando mais “técnica”… A semiótica foi invadindo os contextos da informação e os “ícones” passaram a expressar os sentimentos, mais do que nunca!
Um sorriso largo passou a ser 😀 e uma expressão de desagrado 😦 e assim as pessoas vão se acostumando a “guardar” suas emoções e trocar seus relacionamentos por teclas e ter “seguidores ou fãs” em quanto mais “quantidade” melhor… Apesar de sabermos que com mais de 150 “amigos” não teremos como administrar uma amizade com qualidade!
Muitas coisas evoluíram com certeza, home banking, compras pela internet e comunicação instantânea por vídeo, por exemplo… Mas em compensação, a tecla “delete” também está sendo usada para acabar com os relacionamentos, deixando a “preferência” para as amizades superficiais e sem compromisso, quase sempre fúteis e vazias de sentimentos reais, tipo aqueles sentimentos que nos fazem sentir “arrepios” e “mexem” com nossas mentes pensantes!
Nas informações veiculadas dos veículos convencionais (rádio/tv/jornal/revista/cinema) a revolução digital também interferiu contundentemente. Depois dos meios de comunicação ditos “passivos” e na era de internet, passamos a ter voz “ativa”, interagindo com as notícias e também produzindo nossa própria informação! Mas com o passar do tempo sem a devida “mediação”, esta comunicação foi se perdendo, o foco passou a ser “pessoal”, de quem “arbitra” um comentário, por exemplo… uma visão pessoal, única e intransferível!
Mesclando a comunicação com informação, temos atualmente “fontes inesgotáveis” de inconscientes coletivos a jorrar todo tipo de “expressão digital” possível… Algumas bem úteis por sinal, como no Egito e recentemente na Grécia, mostrando para o mundo online do Youtube a indignação de um povo sob o jugo do sistema monetário internacional.
Mas, como chegar a uma conclusão, mesmo que, como num laboratório façamos “experiências” no ambiente digital, todos resultados serão os mais inesperados possíveis e não é para ser diferente!
Penso que se direcionarmos o “pensamento coletivo” para ações “conjuntas colaborativas” os resultados seriam surpreendentes, porque “nunca em tempo algum foi assim”… já ouvi isso em algum lugar… 🙂 Mas agora, quase todos temos esse poder e podemos estar conectados no ambiente virtual para decidir o que fazermos para melhorar nosso planeta, então chegou a hora de iniciarmos a “Revolução da Consciência Global” e agirmos para disseminar novos tempos antes que 2012 termine!
Horn, A. – Mtb/RS 1145